quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Memórias de um passeio



Há alguns anos, escrevi um texto relatando uma de muitas aventuras circenses. Mês passado eu e a Soninha resolvemos passar um domingo diferente. Estávamos sós, pois os jovens, aproveitando o feriadão, haviam viajado.
Não tínhamos qualquer compromisso antes das 19h00m quando iriamos encontrar a Nathalia no terminal Barra Funda, onde estaria retornando de seu passeio.
Resolvemos, então, nos dirigir para o centrão de Sampa, mais precisamente Largo Paissandu, e visitarmos a Galeria Olido em sua nova fase.
Saímos de São Bernardo do Campo por volta de 11 horas e fomos à busca de um estacionamento próximo do nosso objetivo, estacionamos na Avenida São João no local onde antigamente ficava o Cine Ritz São João, como tínhamos tempo suficiente, decidimos, antes, passar no Ponto Chic e mastigar alguma coisa, mas, para nossa surpresa o estabelecimento estava fechado. Será que não trabalha mais aos finais de semana ou foi efetivamente desativado? Não sei dizer!
Bem sem outra opção e sabendo que a Galeria só abria a partir das 13 horas, Começamos a subir a Avenida São João rumo à Praça da Republica, em busca de um local aceitável para almoçar. Decepção pura, o quarteirão da São João entre a Dom Jose de Barros e a Ipiranga, da mesma forma que o Largo Paissandu estavam detonados, sujeira por toda a parte, moradores de rua adormecidos por todas as calçadas, os prédios que compunha a Cinelândia Paulista em plena deterioração.
Cada passo que dávamos era uma nova facada em nossos corações. Concluímos que nossa Sampa não merecia este total desprestígio dos políticos e/ou gestores que sentaram e sentam na cadeira e cargo de Prefeito da maior cidade do Brasil.
Não tínhamos nem a opção de fechar os olhos para não ver a cena que se abria à nossa frente, seria por demais perigoso. Seguimos, pois nosso caminho em busca do almejado Restaurante.
Caminhamos pela Avenida Ipiranga, Praça da Republica, Rua Vieira de Carvalho que outrora eram coalhadas de bons restaurantes e.... nada!
Decidi, mesmo sabendo que teríamos um custo além do pretendido, buscar abrigo na velha casa de pasta de minha mocidade, o “Restaurante O Gato que ri” que ainda está no seu velho endereço do Largo do Arouche. Lá chegando pude constatar que era, ainda, um local de extrema qualidade e cortesia. Que servia alimentação de primeiríssima qualidade, mesmo que a preços bem mais impopulares do que antigamente.
Sentamo-nos e degustamos (pratos bem servidos, mas em porções unitárias) um agnelote à moda e uma lasanha ao forno, uma bela jarra de vinho, e doces de sobremesa. Paguei a conta (Ufa!) voltamos pelos mesmos caminhos que até lá nos levaram, tentei, ainda, fugir das cenas mais degradantes e enveredei pela Rua 24 de Maio, mas debalde, percebi que a deterioração era uma constante em todos os locais.
Enfim, chegamos à Galeria Olido, objeto de nosso passeio.
Começamos nossa expedição e de imediato entramos numa exposição de artes circenses. O sangue que corre em minhas veias tem muita serragem dos picadeiros e, imediatamente começou a ferver, tinha algum conteúdo teórico nas paredes e eu comecei a ficar preocupado. Queria mais e, insatisfeito, perguntei à recepcionista se havia mais alguma coisa para ser vista ela, muito simpática, explicou que no primeiro andar estavam as melhores memorias dos circos.
Fomos para o primeiro andar. Um espaço muito maior e bem utilizado. De frente à escada de acesso as primeiras emoções, as maquetes de dois circos se escancaram à nossa frente, a primeira de um circo fictício, mas a segunda cutucou, de verdade, as minhas recordações. Ali estava, em toda a sua plenitude, o famoso Circo Garcia tantas memorias e objeto primeiro desta crônica.
Muitas lembranças maravilhosas foram surgindo à nossa frente, estórias de vida dos palhaços mais famosos (tirei, inclusive, uma foto ao lado do meu ídolo PIOLIM), espaço para que fosse experimentada a emoção de atravessar, sem qualquer risco, o Largo Paissandu utilizando uma corda. A Sonia adorou a ideia e tirou várias fotos.
A estória e pertences de antigos palhaços foi sendo apresentada e curtida com muita emoção. Enfim, estava validada a nossa incursão. No andar superior outra exposição serviu para que a Soninha extravasasse suas peraltices e tirasse várias fotos no espaço com o piso coberto com papelão e onde o uso do sapato era proibido. Novamente a Soninha adorou a proposta “deitando, rolando e fotografando” nesse espaço.
Saímos do museu e continuamos o passeio. O cinema não pudemos visitar, uma sessão estava em andamento e a próxima sessão, por culpa do horário, não nos seria possível esperar.   
Fomos, então, xeretear no espaço “vitrine da dança” e vimos um local de muito som (exasperadamente monótono e repetitivo) onde pessoas se retorciam ao ritmo do hip hop. É um espaço livre, que considerei bastante democrático, mesmo não me agradando o tipo de som executado. Como sou oriundo dos velhos salões de baile, me agradou muito a performance de vários habitues do espaço. Em ultima análise, gostei do que vi por ali, mas dificilmente voltaria ao local.
Bem, terminamos o passeio e fomos ao alcance de nosso carro. Passeio bastante agradável.
Cheguei até aqui e percebi que o motivo que havia me levado a escrever sequer foi descrito, provando, mais uma vez, que o rabiscador não tem o domínio do que rabisca, os dedos são determinantes ao digitar o teclado. Não faz mal, prometo que escreverei sobre o tema principal no próximo rabisco.
Ate lá então...

Por Miguel Chammas


6 comentários:

Memórias de Sampa disse...

Olá, Miguel!

Foi um bom passeio, mas devo lhe lembrar que eu tive a ideia... kkkkkkkk
Brinquei muito, feito criança. Andei até pela corda bamba. Nem sofro!
Valeu.
Muita paz!

Sonia Astrauskas

Meloni Lidia disse...

Adorei. Viajei junto do escritor pelas ruas da velha cidade.

Meloni Lidia

filipe disse...

Sempre passo por ali, na galeria Olido.
Também gosto de frequentar a igreja dos Pretos, que fica no Largo do Paissandu, bem defronte à Olido.
Gostei e pretendo visitar novamente...
...este blog!

Memórias de Sampa disse...

Olá, Filipe!
Seja sempre bem vindo a este espaço. Ficamos felizes com seu comentário e visita.
Venha sempre. Traga também suas histórias vividas em nossa querida cidade de São Paulo.
Envie para o e-mail e eu postarei em seguida...
soniaastrauskas@uol.com.br

Sonia Astrauskas
(moderadora)

Leonello Tesser (Nelinho) disse...

Miguel, nós que tivemos o privilégio de conhecer aquela São Paulo limpinha, os caminhões-pipa lavando a cidade nas madrugadas, podíamos andar nas ruas com segurança, hoje está uma lástima, é um dormitório a céu aberto, abraços, Nelinho.

marcia saidenberg disse...


Era uma vez, um tempo que quase toda criança, que quase todo mundo ia ao circo.
Hoje já não mais. Que saudade. Grande abraço Miguel e Soninha!