sábado, 16 de abril de 2016

Praça Silvio Romero

imagem : Praça Silvio Romero


Nas décadas de 50 e 60, a Praça Silvio Romero, no Tatuapé de cima, era como se fosse de uma cidadezinha do interior, onde a vida girava em torno dela. A igreja de Nossa Senhora da Conceição, no centro da praça, embora fosse uma capela, era majestosa com a sua torre e seus sinos onde tive o prazer de badalar quando garoto.

O início dos passeios foi quando o prefeito Jânio Quadros instalou duas fontes luminosas. O Cine Leste das suas matinês aos domingos ou a seção das moças nas quartas-feiras onde enchia de rapazes para arrumar uma namorada. Impossível alguém daquela época que não teve algo a ver com a praça, nem que fosse só para embarcar no ônibus 34 que fazia o itinerário até o Anhangabaú, passando por Belém e Brás a caminho do trabalho ou a passeio, era o que a rapaziada fazia aos domingos à tarde quando nos encontrávamos para as domingueiras nos salões do Independência, no Brás, ou em outro salão qualquer da cidade.

Para tratar dos dentes era o Dr. Estevão, precisando de um médico era o Dr. Oswaldo Cruz. Quando sobravam alguns trocados, a molecada se reunia para uma pizza na padaria Montenegro e a padaria Lisboa até hoje está lá com seu pãozinho imbatível. Para dar uma aparadinha no cabelo era o salão do Mario, ao lado do cinema. Havia o Bazar Cinelândia, um dos primeiros a vender os Bolachões de 78 RPM, quem comprava dez ganhava um de presente.

Na Farmácia Santa Rita era onde curávamos nossas gripes e resfriados, bancos Auxiliar e Noroeste, onde quase todos tiveram seus primeiros talões de cheque. Em época de eleição, os comícios, tanto do Jânio quanto do Adhemar, eram na praça, foi em um desses que vi cantando em cima de uma carroceria de caminhão os Demônios da Garoa, em uma das suas primeiras formações.

O comitê do sempre candidato a vereador pelo bairro, Alfredo Martins da padaria Lisboa, que entre as mensagens tocava a Deusa do Asfalto e a Volta do Boêmio Nelson Gonçalves a noite toda. Avistava-se o enorme galo da caixa d'água da fábrica de canos D. Maio e Gallo.

Em uma manhã, houve um enorme incêndio no posto de gasolina Izildinha, que depois virou um mercado. Quem precisasse de material de construção tinha o Macalci, na esquina com a Padre Adelino, a pastelaria e na frente dela o pipoqueiro Paulin, para quem procurasse casa para comprar ou alugar: Imobiliária Boa Sorte. Para estudar: a escola 22 de Outubro do professor Narciso, quem gostava de música: o Conservatório Musical Heckel Tavares, reunião na sede da Sociedade Amigos do Bairro.

Alfaiataria, Alonso, um espanhol que confeccionava os ternos para a rapaziada se dar bem nos bailes.


Por José Camargo Beira