sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Helena



Olá, amigos!
Esta é a Helena, filhinha de Marcos Antonio Loureiro e Isabel, nossos amigos autores do site SPMC e do blog Memórias de Sampa.
Ela nasceu em 22 de setembro de 2013 e é a princesinha do casal, fruto desta união tão bonita.
Saúde para Helena.

Muita paz!

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Escola - meus uniformes



imagem: alunos uniformizados do liceu" (sp) - anos 10 do século xx.
créditos: uol cultura - hist. dos uniformes - uol.com.br

Creche? Não precisei. Tinha mãe e avó à minha disposição para me cuidar, educar, mimar e infernizar a minha vida. Jardim de infância, nem pensar! Pois ninguém em casa era filho de Barão do Café e nem filho de um “Comendatore” da indústria. Levado “alle Suore” (às Freiras) para fazer o Pré-primário, a Madre não achou necessário, pois minha avó ensinara-me muito bem as primeiras letras. Que eu aproveitasse o tempo para falar melhor o Português...
E eu, por três horas, duas vezes por semana, passei o ano de 1954 na escolinha de D. Maria Vittoria, bem penteado e arrumado – ela exigia - aprendendo “apparlà Portoghese” (a falar Português).   
Pela avidez com que D. Maria tentava arrancar minhas orelhas, acho que eu não fui um bom aluno...
Então, na espera de ir para o Primário, o meu Jardim de Infância foi a rua. O uniforme: calções de algodão barato, na cor vermelha, azul, verde. Cores que não encardiam com facilidade e de fácil lavagem. E “ganetta” (camiseta) sem mangas. Nos pés, os mais privilegiados usavam alpargatas, os remediados, um par de “zoccoli” (tamancos), a maioria pés descalços. E o que se aprendia? Jogar futebol, jogar malha, bola-queima, pular carniça, empinar capuscetta, etc. E a dizer um montão de “parolacci” (palavrões)...
1955, eu todo uniformizado indo ao Grupo Escolar: Calça azul-marinho (calça curta para o verão, comprida para o inverno). Camisa branca de algodão, de manga curta ou comprida, de acordo com a estação. Malha de algodão, com zíper, em azul-marinho com o emblema da escola. Gravata azul-marinho que trazia listra branca em diagonal. Ia de uma (primeiro ano) a quatro (quarto ano). Meias brancas três quartos, cujo elástico apertava a panturrilha provocando coceiras. E sapatos pretos. Sapatos a preços módicos e funcionais em couro duro, com solado de pneu. Bons para a escola, chutar bola e chutar latas. Um coturno do Exército pareceria um sapato de cromo alemão se comparado a esses “confortáveis” calçados.
Quando no pátio, formávamos as filas por classes, serventes zelosas examinavam as condições dos nossos uniformes. Se adequados, tudo bem. Senão, após a aula, voltaríamos para casa com uma advertência às nossas mães pedindo que cuidassem melhor dos nossos uniformes... Palavras suaves que indiretamente chamavam as mães de porcas.
Na classe, a professora ia de carteira em carteira, examinar o nosso material e nossa higiene pessoal. Unhas compridas com “luto”, orelhas encardidas ou com cerume, rendia a maior bronca e humilhação. E claro, uma advertência à mãe do “porcalhão”...
Se o aluno descuidado fosse pobre e recebesse os materiais e uniforme doados pela Caixa Escolar, ele era massacrado. Sofria as maiores  humilhações.
O Curso de Admissão ao Ginásio foi feito conjuntamente com o 4º ano primário. Saia do Grupo almoçava e ia para Curso. Vivia morrendo de sono.
1959 - No Ginásio diurno, com exceção da calça curta, o uniforme era o mesmo do Primário. E podia-se usar em vez dos sapatos, tênis ou “Sete Vidas” azul-marinho da “Alpargatas”. No Ginásio noturno, ia-se com a roupa do trabalho. Usava-se apenas uma gravata com o emblema do ginásio.
Tanto de dia como de noite, na educação física, usava-se calção, camiseta, meia de cano curto e tênis. Não tinha essa de agasalhos.
Do ginásio ficaram “doces” lembranças: O Latim, exames orais, uma segunda-época... E uma suspensão por atitude indecorosa! Eu explico: Uma aluna chamada Amélia vivia “tirando uma” com a minha cara. Então eu comecei a cantar para ela (Bendito Monsueto!) “Amélia que era mulher de verdade, tirava o maiô e ficava à vontade”... A música pegou e todo o pessoal da nossa ala (6 classes) do noturno passou a infernizar a vida da Amélia.
 1963 - No Clássico ou Científico (fiz o Clássico) diurno usava-se o mesmo uniforme do ginásio. No noturno não havia mais a necessidade nem de usar gravata com o emblema da escola.
1966 - No Cursinho, uma beleza! Vista-se como quiser. E conspirava-se sobre tudo.
1967 - Na Faculdade, delícia. Só era proibido ir pelado! Conspirava-se ainda.
1971 – Pós Graduação. Uma “zona” deliciosa!
1972 - Depois da faculdade, do Pós, como é bom ser livre!...

Mas a Universidade da Vida não deixa barato. Obriga-nos a usar não um, mas todo o tipo de uniforme. E certas Faculdades dessa Universidade nos impõem o uso de máscaras...




Por Wilson Natale

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Porque hoje é sábado


imagem: cine Metro 1938


          Nos anos 60 o programa, aos sábados, de estudantes moradores de pensão, como eu, era mais ou menos padronizado. Depois de uma semana às voltas com aulas, trabalhos de pesquisa, biblioteca e estudos, dormíamos um pouco mais no final da semana. Se não houvesse compromissos com a namorada, nova soneca após o almoço. À noite o destino era o centro da cidade. Banho caprichado, barba bem feita, perfume barato e o terno já meio surrado, dirigia-me, de ônibus ou bonde, para as  proximidades da esquina famosa Ipiranga x São João, celebrizada na bela canção de Caetano Veloso.

           Os cinemas de minha preferência eram o Ipiranga, o Marabá ou Metro, sempre com a exibição de bons filmes. Havia ainda o Ritz, Brodway e Art Palácio na Avenida São João e o elegante Marrocos na Rua Conselheiro Crispiniano, e mais alguns, todos muito próximos um do outro. Ah! O chiclete Adams ou os dropes no bolso eram imprescindíveis.

Depois da sessão, uma passada pelo Salada Paulista ou pelo Bar Jeca para um reconfortante e saboroso lanche, acompanhado de 7UP (“Sevenup”) gostoso refrigerante da época. Comprava o jornal de domingo, já nas bancas, para ler no dia seguinte. A viagem de volta, sempre mais triste e cansativa, em que não se tem outro desejo senão o de chegar depressa ao quarto simples, mas limpo e confortável da pensão. Deitava-me ficava pensando, serenamente pensando, em algumas cenas do filme, na beleza e sensualidade das atrizes ou nas proezas do herói, para finalmente adormecer.

Relembro estas coisas tão ingênuas com profunda e suave melancolia, certo de que momentos como esses são irrecuperáveis. Quero e pretendo firmemente que eles não me tragam muita tristeza, nem amarguras incontroláveis, mas que sejam encarados simplesmente como doces e inesquecíveis lembranças de um tempo que já se foi.


"Porque hoje é sábado. 
Há um renovar-se de esperanças"

(Vinicius de Moraes)



Por Deraldo Mancini


sábado, 22 de fevereiro de 2014

Memórias em flash back


música: Ney Matogrosso - Freguês da Meia Noite
Para ouvir, clique no play



Sou um viciado em TV, ou melhor, como diz minha companheira, do alto de sua intelectualidade, eu sou um fanático telespectador da Globo,  e ponto final.
Não discordo de sua opinião, mas tento argumentar que prefiro as variedades de programas bem produzidos aos entediantes e soporíficos filmes dos canais fechados, aos eternos programas de distribuição de dinheiro dobrados em forma de avião, ou ainda,aos programas religiosos (seja de que religião for) que tentam, de forma direta e inescrupulosa arrecadar cada vez mais doações, chegando a lotear espaços pós morte de cada fiel.
Bem, tergiversei, perorei dos grandes bifes (termo usado nos meios artísticos para identificar grandes parágrafos de um texto ou script), e não abordei o tema principal desta memória.
Vamos a ele.
Dias atrás, estava eu a praticar meu vicio de Globoespectador quando foi colocado no ar um comercial do novo CD de Ney Matogrosso, cantor que não me leva a ser um fã, mas não me desagrada de todo, principalmente pela qualidade das músicas de seu repertório. Prestei mais atenção ao comercial e à música nele inserida. Em certa parte da letra o autor faz menção a um restaurante que existia no Largo do Arouche, atrás do antigo mercado das flores.
Minha memória começou um trabalho de retrospectiva e me trouxe o nome desse restaurante, Le Casserole (pesquisei depois e confirmei não só o nome como a existência desse restaurante até os dias atuais, no mesmo local).
Esse restaurante (na verdade um bistrô) que, por sinal, nunca frequentei, fica no Largo do Arouche, quase na confluência deste com a Rua Vieira de Carvalho e a Avenida São João e na calçada fronteiriça do Hotel São Raphael.
Lembrei-me que na mesma calçada, ficava a Adega do Pedrinho onde eu, nas madrugadas de terças/quartas-feira e sextas-feira/sábado me locupletava com deliciosas feijoadas (as primeiras a saírem do fogo para aguardar a azáfama de famintos consumidores do horário de almoço. Também, se atravessássemos toda a extensão fronteiriça desse restaurante, sairíamos às portas da Cantina O gato que Ri, famosa por seus pratos italianos e preços módicos.
Essa letra, trouxe-me também muitas outras memórias, ente elas o Bar Leo, na Rua Aurora onde ao longo de alguns anos, eu consumi uns bons barris de chope claro, escuro ou mulatinho. Outra memória muito viva  é da Rua Vitória, onde no quarteirão entre o Largo e a Avenida São João, à porta de uma barbearia, Mulata (grande ritmista e integrante da famosa Escola de Samba Vai-Vai (desde a época em que ela era simplesmente um cordão carnavalesco), na sua cadeira de engraxate, todos os sábados  pela manhã dava um lustro especial nos meus sapatos bico fino, para que à noite eu fizesse boa presença nos bailes e gafieiras.
Tenho certeza que, com um pouco mais de esforço, esta memória poderia se prolongar quase que infinitamente, porém se assim fosse, ela iria avançar o espaço de outras possíveis memórias que, também, no seu devido tempo, deverão fazer parte  do meu acervo de rabiscos e memórias.
Vamos aguardar! Ah! A música que fez desencadear todo  esse jorro de palavras e lembranças é: FREGUÊS DA MEIA NOITE, de autoria do compositor Criolo, e a letra é esta:


Freguês da Meia-Noite

Em pleno Largo do Arouche

Em frente ao Mercado das Flores
Há um restaurante francês
E lá te esperei

Meia Noite

Num frio que é um açoite
A confeiteira e seus doces
Sempre vem oferecer
Furta-cor de prazer

E não há como negar

Que o prato a se ofertar
Não a faça salivar

Num quartinho de ilusão

Meu cão que não late em vão
No frio atrito meditei
Dessa vez não serei seu freguês

Meia Noite

Num frio que é um açoite
A confeiteira e seus doces
Sempre vem oferecer
Furta-cor de prazer

E não há como negar

Que o prato a se ofertar
Não a faça salivar

Num quartinho de ilusão

Meu cão que não late em vão
No frio atrito meditei
Dessa vez não serei seu freguês




Por Miguel Chammas

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Primeiro e derradeiro voo




(Um dia, ao passar pelo supermercado, perto de casa, deparei com um filhote de sabiá, se estrebuchando no chão e morrendo, em seguida. Dedico estes versinhos a esta pequena criatura)

Do alto da frondosa árvore, num aconchegante ninho,
o pequeno Bentinho, via sua mãe entrar, pela bandeira
aberta do supermercado... voltar, sempre com alimentos.
Observando, atentamente, mamãe, no bico, um sorrisinho.
Chegara a hora, aprender a voar, mamãe, sempre ordeira,
Pede a Bentinho que ensaie seus primeiros movimentos.


Bentinho, sapeca, vivo e esperto, já quer voar direto.
“Primeiro, tente bater as asinhas,” Bentivenha aconselha.
Bentinho, em seu limitado saber, “eu vi a senhora voar...”
Manhã linda, ensolarada, Bentivenha sai em vôo correto,
Em busca de mais alimento, Bentinho, não é só palha,
que vai satisfazer o pequenino, que quer um vôo tentar.


Apenas o bater de asinhas, não faz um pássaro liberto,
Mirando a bandeira  do supermercado, lembrando mamãe,
Bentinho, enche o peito, ainda com casquinhas de ovo.
Vai mostrar pra mamãe que ele também voa, e é esperto,
Começa a bater as asinhas, vê a bandeira, ele se empenha.
Não vê... bandeira fechada, vai de encontro ao vidro polido
e cerrado, trágico final de vida, num triste e verdadeiro
PRIMEIRO VOO, DERRADEIRO.




Por Modesto Laruccia

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Novos velhos tempos da "Dita"




(- “Encosta ai! Documentos na mão” !)

Eu conservara os meus documentos com amor e carinho até o mês de março de 64. Até então, tudo parecia novinho em folha.
Nos meus tempos do Primário não havia Carteira de estudante. Era somente o Boletim que levávamos para casa, no fim do mês, para que os pais assinassem e, no dia seguinte, o devolvíamos. Então, o único documento que eu usava era o Registro de Nascimento. E o usava quando ia sozinho às matinês dos cinemas do bairro, para provar que era maior de 10 anos, ou quando viajava com meus pais para o litoral, ou para o interior. E, como eu ia muito às matinês, para preservar o Registro de Nascimento original, meu pai me presenteou com uma segunda via.
Nos tempos de Ginásio eu tinha a famosa Caderneta de Estudante: de identificação, presença, notas e observações. Mas, como era fácil falsificar a data de nascimento (Um palito, com algodão na ponta, embebido em água sanitária, passado levemente sobre o ano escrito e ele desaparecia. Deixava-se secar e, depois era só escrever um novo ano. Então se podia ter 14 ou 16 anos.), alguns cinemas exigiam também o Registro.
Depois, a Carteira de Trabalho do Menor substituiu o registro. Exceção feita a Carteira escolar que nos dava direito a pagar meia-entrada.
Mas, em 31 de março de 64 (Na verdade, 1º de abril – “dia da mentira”.) acontece o “glorioso”, o “libertador” golpe militar que deu origem a uma Ditadura violenta que não tinha nada de “redentora”...
Fins de 1964 - Minha Carteira de Trabalho do Menor estava um “bagaço”.  A Carteira de Estudante então estava na iminência de desfazer-se, despencar. O Registro então, todo puído!É que, “por dá cá aquela palha”, os “milicos” nos paravam constantemente e, de maneira grosseira e descuidada, examinavam os nossos documentos.
No meu caso, pela altura e por aparentar mais idade do a que tinha, a coisa ficava mais complicada quando eu era abordado pela PE (Polícia do Exército).  –“Cadê o Certificado de Alistamento Militar”?... Não tinha e nem tinha idade para tê-lo. Então começava a demorada e minuciosa “olhada” nas carteiras de trabalho e estudante. E, claro, no registro de nascimento. Comparado os três documentos eu ouvia o famoso “Está liberado! Pode ir”!...
De março a outubro de 64, eu já havia “detonado” mais três  vias de registro de nascimento (Na verdade, 3ª, 4ª e 5ª vias). Chegara o momento de  tirar a Carteira de Identidade.
Aos 16 anos, muito feliz, eu segurava a minha novíssima Carteira de Identidade, emitida em 03 de novembro de 1964, em São Paulo – SP., nos Estados Unidos do Brasil, hoje República Federativa do Brasil. Viva!
Eu tinha uma Cédula de Identidade! O Registro de Nascimento fora finalmente aposentado. Mas, na prática, mudou quase nada. Facilitou sim, para os “milicos” que, quando me “enquadravam” exigiam impudicamente que eu lhes exibisse a minha Identidade, a Carteira de Trabalho e  de Estudante. Só faltavam pedir a Carteira de Cadastro da CMTC que me dava direito aos passes de ônibus...
Naqueles “dias maravilhosos” da ditadura, a conversa nas casas eram as mesmas: “Filho, você vai sair”?  “Vou!”  “Pegou tooodos os documentos”?  “Peguei, sim”...  “Pegou meesmo, meu filho”?  “Orra, mãe! Para com isso! Eu não sou retardado”!  “Falo para o seu bem, filho. Se “eles” lhe prendem, adeus ”!...
E “vivas” à ditadura que foi aumentando o fardo do povo e o fardo dos nossos bolsos, acrescentado mais documentos!
Em 1965, entre os documentos apresentados aos “omi” e aos “milicos” estreei o meu mais recente documento: o Certificado de Alistamento Militar. Certificado que não me agradava nada, diante da perspectiva de me transformar em um “reco”.
Em março de 1966, tive em mãos a minha primeira Carteira Profissional como maior e o Título de Eleitor. E fiz parte da lista dos convocados excedentes do Exército. Fui lá, no Cambucí, prestar o Juramento à Bandeira e retirar o meu Certificado de Reservista de 3ª categoria. Fiquei tão feliz que cheguei à minha casa gritando: “Allelluiah”! E, embora nunca gostando de dirigir, vale comentar aqui, que é desse ano a minha Carteira Nacional de Habilitação.
1968 foi o ano das “RPM” (revoluções por minuto). Era chegar ao Centro à noite e ouvia-se a miúdo: “Encosta ai, para averiguação”!... “Identidade? Confere! Profissional? Confere! Estudante? Confere! Reservista? Confere! Eleitor? Confere!”... Perdia-se um tempão reservado àquilo que pretendíamos que fosse uma noitada  ou fim-de-semana feliz! E, muitas vezes éramos premiados: em intervalo de poucos minutos, mais adiante, “encostávamos para mais uma averiguação”.
Em 1969 – tempos do AI5 - a coisa ficou preta. Vez ou outra, com ou sem os documentos éramos convidados a fazer um “tour” dentro de um “camburão”. Íamos à delegacia, para uma averiguação mais detalhada. Pelos nossos nomes procuravam por “capivaras” (fichas criminais), via telefone com o DOPS. Passavam-se horas até ouvirmos o tal “nada consta”. Sem um “desculpe pelo incômodo”, nos mandavam embora.
Em uma dessas “viagens”, um policial da Civil nos aconselhou a pedir um Atestado de Idoneidade. Mais que depressa tratei disso!
E o atestado funcionou muitas vezes. Mas não era um salvo-conduto. Com ou sem documentos, com ou sem atestado fui parar na delegacia... Para averiguação. Quase cheguei a ficar “sócio” da antiga delegacia da Rua Frei Caneca e amigo do meu xará, o delegado, que “tão bem” nos recebia... Ahahahahaaaa!
Mais tarde a ditadura soltou o faminto “Leão” do IR. Mais um “troço” pra carregar. Agora tínhamos CIC ou CPF ou CPJ...
E caminhei eu, caminhamos nós pela ditadura levando nos bolsos todos os documentos a que tínhamos direito. Documentos tão usados e manuseados que necessitavam de segundas e terceiras vias. E o mais importante: As velhas Carteiras Profissionais deterioradas,  remontadas, rearranjadas com cola ou fita “Durex” ficaram guardadas em gavetas preservando os velhos registros dos empregos que tivéramos...
2011 – Saio às ruas carregando os meus documentos: Crachá, Identidade, CPF, Cartão do Plano Médico, Cartão magnético para a condução... Vou andando, com aquela sensação de bolsos vazios e a impressão de haver esquecido algo... Logo nossos bolsos vão ficar mais vazios com a nova Cédula de Identidade que englobará todos os outros documentos.




Por Wilson Natale

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Memórias de um assassinato



imagem: a casa do texto, na Rua 21 de Abril, Brás - tempos atuais

Dia 26 de Maio de 1940, nascia na Maternidade São Paulo o primogênito do casal Tereza e Alfredo Chammas.
Primeiro filho de seus pais, primeiro neto de seus avós (paternos e maternos) e primeiro bisneto  de sua bisavó, uma   senhorinha de mais de sessenta anos na época, portadora de uma deformidade na coluna vertebral e com uma protuberância acentuada do lado esquerdo do corpo.
Por decisão de sua bisavó Joana Sito, a Dona Joaninha, como era costume da colônia italiana, ganhou uma infinidade de nomes na pia batismal.
 Miguel, em homenagem a seu tio avô, Salvador, homenageando seu avô, e Gabriel, em louvor a seu anjo da guarda.
Miguel cresceu no meio de parentes que o amavam e mimavam em excesso até que, 4 anos depois de seu nascimento, veio ao mundo seu irmão Antonio Carlos. O recém chegado, por ser novinho,lógico, arrebanhou atenções   especiais,principalmente da Dona Joaninha.
Anos se passaram e os dois continuavam sendo mimados e bajulados por todos da família Sito que os tinha  inteirinhos, uma vez por semana, às 5ª Feiras,quando sua mãe saia da Rua Augusta onde moravam e ia visitar seu pai e sua avó lá no Brás, na Rua 21 de Abril, quase esquina com a Rua Bresser.
Ali o Dr.Salvador residia e mantinha seu consultório  de prático dentista  e  seu laboratório de protético.  Era uma casa antiga onde ele e o irmão reinavam e traquinavam à vontade no quintal onde as atrações principais eram uma ameixeira de frutos dourados e melados, uma goiabeira produtora de enormes e vermelhas  frutas de sabor inigualável, mesmo verdes, e uma parreira que produzia lindos e vermelhos cachos de uvas.
Além disso, na rua onde ainda podia-se brincar, tinha as passagens obrigatórias do  vendedor de biju com sua infalível e sonora matraca de uma argola, do vendedor de sorvete em sua carrocinha amarela e vermelha puxada por um cavalo branco ou, ainda, do homem com o rebanho de cabras a vender leite fresquinho e apetitoso.
Tinha, ainda, algumas casas antes da casa do meu avô, a quitanda onde corríamos para gastar os centavos ganhos de “nonna” ou “nonno” comprando lindos e saborosos pedaços de coco conservados em um vidro com água, ou mesmo doces e bugigangas várias.
Ora muito bem, depois de tão extenso preâmbulo, vamos ao que interessa, ou seja, a narrativa da memória que originou esta crônica, o referido assassinato.
Estavam Miguel e o Carlinhos (forma familiar com que tratamos até hoje meu irmão), brincando na sala aos pés da nonna que estava sentada em sua cadeirinha entre a mesa e a cristaleira.
Quem sabe influenciados pelo ambiente do consultório dentário e do laboratório de próteses brincavam de médico e enfermeiro e a paciente, sem dúvida, era a nonna.
Depois de minutos da brincadeira, Miguel, empunhando um lápis de ponta afiadíssima, decidiu aplicar uma injeção na paciente e, sem qualquer outro aviso, lascou a ponta do lápis na perna da nonna que, assustada, quem sabe com a dolorosa pontada, mexeu a perna e pronto, quebrou a afiadíssima ponta, tendo permanecido encravada em sua perna um bom pedaço de grafite.
Aos brados de “assassino” “assassino” ela tentava extrair o pedaço de grafite da perna e, não conseguindo, continuava a gritar na sua voz fraquíssima, ”assassino”!
Dona Tereza acorrendo à “cena do crime”, depois de tratar da nonna, desinfetando o local e acalmando-lhe os nervos, foi até o ”assassino” e aplicou-lhe a merecida pena pelo crime cometido. Uma surra de tapas nos fundilhos que, garanto, doeram muito.
 Doeram tanto que até hoje, ao lembrar-se do castigo, Miguel evita sentar-se e termina este texto digitando em pé as últimas palavras.




Por Miguel Chammas

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Minha vedete



imagem: Wilma Palmer

Tinha quase 8 anos e fazia uma visita rotineira à minha avó paterna, íamos lá uma vez por semana.
No começo dos anos 70 telefone em casa era coisa rara. No prédio da minha vó, nos Campos Elíseos, só a Dona Filó tinha um. Ligação internacional, então, era pior ainda; caríssima e difícil de fazer. Para ligar ou receber uma chamada do exterior, falava-se com a telefonista solicitando a conexão e aguardava-se horas.
Naquela noite, nenhuma ligação era esperada. De repente a campainha do apartamento tocou e uma das filhas da tal Dona Filó anunciou que uma chamada de Portugal seria completada em instantes.
Subimos meu pai, minha tia Cibele e eu para a casa da vizinha. Papai, que não falava com a tia Wilma há mais tempo, pegou o aparelho e ficou esperando ouvir a voz dela. Minutos que duraram uma eternidade.
Súbito, completou-se a chamada. A fisionomia dele se transformou e a tensão tomou conta do ambiente. Todos olhávamos para ele, tentando entender sua perplexidade. O mistério se desfez quando, sem emitir qualquer som, olhou para sua irmã e seus lábios desenharam: A WILMA MORREU...
Minha tia entrou em choque. Naquele instante, com meu primeiro contato com a morte, deixei de ser criança. Tomei-a pela mão, levei-a até o elevador e descemos ao primeiro andar. Nem precisei pedir que ela aguardasse no corredor, simplesmente larguei sua mão e fui até a porta do apartamento chamar minha mãe e contar para ela o que presenciara. Daquele momento em diante não me lembro de muitas coisas, só da tristeza que tomou conta de todos e da preocupação em encontrar um médico para tranquilizar minha avó antes de lhe contar sobre a morte de sua filha.
Lembrei-me disso hoje ao saber da morte de Virgínia Lane. Assim como ela, minha tia era uma vedete. Usava o nome artístico de Wilma Palmer.
Ela era linda, perfumada, alegre e espalhafatosa. Seus olhos verdes brilhavam e fascinavam a todos, assim como suas gargalhadas.
Mais nova que as pioneiras Virgínia Lane, Elvira Pagã e Luz Del Fuego, fazia parte da segunda geração daquelas mulheres especiais, corajosas, que enfrentaram todo o preconceito de serem atrizes no começo do século passado. Elas estão indo embora, como foram Marly Marley, Renata Fronzi, Anilza Leoni, Wilza Carla, Salomé Parísio, Mara Rúbia.
Outras, como Carmem Verônica, Berta Loran, Ilka Soares e Eva Todor ainda brilham às vezes na telinha; muitas estão esquecidas, esperando serem chamadas pelo Walter Pinto para fazer um espetáculo lá no céu.
Cabe aqui um preito de gratidão ao Silvio de Abreu. Recentemente, na novela de época Jóia Rara da Globo, ele homenageou as “meninas”, todas com mais de 75 anos, inclusive com a derradeira participação da Virgínia Lane mostrando suas pernas que encantaram Getúlio Vargas.
Tia Wilma se foi há quase quarenta anos, no auge de sua carreira. Acabara de gravar um disco – Carnaval co Wilma Palmer, vendido até hoje em Portugal -, fazia shows no Casino Estoril e retornava para sua casa em Lisboa quando sofreu o acidente de carro que ceifou sua vida. Tinha se mudado para Portugal em 1956 e só vinha ao Brasil em férias.
Quando estava por essas bandas, pedia que lhe ensinasse a falar “brasileiro”. Pequeno, me divertia explicando que Casa de Banho era Banheiro e que eu não era um puto e tampouco um miúdo, mas sim um menino.
Lembro da última vez que nos despedimos em Congonhas, ela embarcando num avião da TAP com quatro enormes hélices. Quantas lágrimas. Um prenúncio, talvez.
Ela viveu intensamente, enfeitiçou o Conde de Barcelona, andou sobre elefantes, fez safári na África, namorou o famoso clavadista de Acapulco Raul Garcia Bravo e brilhou nos palcos.
Talvez, para ela, a morte prematura tenha sido melhor que o ostracismo que suas colegas do Teatro de Revista enfrentaram nos anos de decadência desse gênero. A vida de artista não é fácil. Viver não é fácil.
Às vezes ponho pra tocar suas músicas e choro ouvindo sua voz. Um choro diferente daquela noite que conheci a morte, um choro de saudades daqueles tempos.





Por Marcello Pizo Moreira Martins

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Viaduto do Chá


imagem - Viaduto do Chá - Sampa

Quando éramos meninos, e pensávamos como meninos, íamos com nossos pais passear na "cidade", como se dizia na época. Recordo-me de minha mãe falando:
- Filhos, hoje, aproveitando que é feriado, vamos passear lá no Viaduto do Chá.

Chá? Para nós, nada significava...

E assim fomos, com nosso pai junto. Logo chegamos e lá no mesmo já estávamos. Lembro-me que ficamos no beiral, olhando e admirando São Paulo e os veículos que passavam por debaixo do Viaduto...

O tempo passou, tudo mudou e, muitos anos depois, num momento de nostalgia, que o frio suave e o silêncio propiciava, pesquisei sobre o mesmo e encontrei o que transcrevo:

Foi inaugurado em 8 de novembro de 1892 o Viaduto do Chá, o primeiro viaduto de São Paulo, idealizado em outubro de 1877 pelo francês Jules Martin.

Durante os 15 anos que a obra levou para ser concluída, Martin teve de convencer os paulistanos da necessidade de ligar a Rua Direita com o Morro do Chá - como era conhecida a área onde estava a chácara dos barões de Tatuí, com plantações de chá.

Os trabalhos só começaram em 1888, mas foram interrompidos um mês depois, por causa da resistência dos moradores da região.

O Barão de Tatuí estava entre os moradores que seriam desapropriados e ele não pretendia sair de sua casa. Até o dia em que a população favorável à obra armou-se de picaretas e atacou uma das paredes do sobrado. Com "argumentos" tão convincentes, o Barão resolveu mudar-se.

A construção do viaduto só foi retomada em 1889. Três anos depois, com estrutura metálica vinda da Alemanha, foi inaugurado o Viaduto do Chá.

Houve uma grande festa, interrompida pela chuva que "batizava" o novo marco de São Paulo. E com uma curiosidade: a Companhia Ferrocarril, responsável pelo viaduto, cobrava três vinténs de pedágio para quem precisava passar para o lado de lá do rio Anhangabaú.

Por lá sempre passavam as pessoas mais refinadas, dirigindo-se aos cinemas e lojas da região e, mais tarde, ao Teatro Municipal, inaugurado em 1911.

Os suicidas também eram frequentadores assíduos do lugar. A cidade cresceu e, em 1938, a construção de metal alemão com assoalho de madeira já não suportava mais o grande número de pessoas que por lá passavam diariamente.

No mesmo ano, o velho Viaduto foi demolido, dando lugar a um novo, feito de concreto armado e com o dobro de largura.

Desde então, pouca coisa foi modificada. Em 1977, a prefeitura proibiu o tráfego de veículos particulares.

Naquele ano, a calçada que liga a Xavier de Toledo com a Falcão Filho foi alargada.

No centenário, em 1992, o piso foi reformado.





Por Asciudeme Joubert

domingo, 2 de fevereiro de 2014

460 anos: Desmemórias de São Paulo



Amo a Cidade de São Paulo incondicionalmente. Não me importa mais se outros a amem ou não. Eu a amo e basta!
25 de janeiro de 2014:-
Estou em minha casa, escrevendo este texto. Fazer o quê no Centro Histórico? “Curtir” o Pão e Circo? Fotografar? Sentir em cada passante uma infinidade de impressões e sentimentos, mas  não sentir-lhe sequer um átimo de orgulho por ser paulistano? Não mesmo! Fico aqui escrevendo em forma de memória as desmemorias de São Paulo... E ainda amargando a desmemoria da edilidade  com relação ao centenário do Viaduto Santa Efigênia (1913-2013).
Mas, antes de falar do monumento mais antigo de São Paulo que, neste ano de 2014, completa 200 anos, a minha memória insiste, inferniza: “Já que o assunto diz respeito ao “Bixiga”, mesmo que não seja um monumento bicentenário, você tem que falar dessa tradição nascida da paixão popular por esta cidade”.
Já que a memória insiste, vamos lá.
Essa tradição, “bixiguense” com muita honra, nasceu tímida.
Resolução tomada, “mammas” brancas, negras, mestiças e algumas padarias do bairro, começaram a fazer UM BOLO PARA SÃO PAULO.
No meio da rua, algumas mesas, unidas uma à outra, um bolo enorme que tomava toda a superfície delas e os convidados – o povo do “Bixiga”, todos os paulistanos e os paulistas ou não, viessem de onde viessem.
Em pouco tempo a festa de aniversário de São Paulo virou tradição popular e, a cada ano, as mesas e o bolo aumentavam um metro no comprimento, acompanhando a idade da cidade. Virou atração turística!
Era uma loucura feliz! A multidão reunida em volta da mesa imensa, com suas sacolas, panelas, “tupperwares”. A um sinal, o bolo era atacado com as mãos. Em pouco tempo ele “evaporava”, restavam apenas migalhas sobre as mesas anexadas e migalhas e glacê nos beiços da criançada. Viva São Paulo!
Mas, como todo o paraíso tem sua serpente de tocaia, sabe-se lá porque, deitaram “olhos gordos” sobre a festa. Ela passou a ser um evento no catálogo oficial. E o bolo do aniversário da cidade passou a ser feito pelos confeiteiros do SESI.
Um belo dia, sem mais, nem menos, talvez por desentendimentos, o SESI deixou de fazer o bolo. E agora, José? A festa acabou e você não viu! Não viu a tradição popular, “bixiguense” e paulistana mais importante da cidade agonizar e morrer.
E agora, Natale? Você não viu? Não viu e nem comerá, ao menos com os olhos, o bolo de aniversário, de 460 metros que não foi oferecido a São Paulo...

Memória satisfeita, eu volto ao  bicentenário monumento e ao coração do “Bixiga” do início do século XIX.
No século XIX, o Brasil muda. A família real muda-se, primeiro para a Bahia, e depois, acomoda-se no Rio de Janeiro, onde é instalada a nova metrópole. Deixa também de ser vice-reino e transforma-se em reino: Reino do Brasil, Portugal e Algarves.
É nesse contexto que a cidade de São Paulo começa a mudar e, paulatinamente, a se embelezar.
E grandioso foi o Capitão General e Governador, o Marques de Alegrete que com mãos de ferro governou a cidade e a província. Fez funcionar a máquina pública acercando-se de funcionários competentes e interessados em fazer dessa cidade a melhor.
E a cidade teve tantos benefícios e “alindamentos benéficos a se ver”.
O Senhor Marques beneficiou tanto a cidade e seu povo que, pela vontade popular, o Engenheiro e Marechal Daniel Pedro Muller projetou uma Memória (Padrão de pedra que memoriza um fato, uma figura ilustre para a posteridade.) para perpetuar a obra desse governador.
Aprovada a obra, escolheu-se, como local, uma elevação sob a Rua do Paredão (atual Xavier de Toledo), entre a Ladeira do Piques (atual Ladeira da Memória) e a Ladeira dos Pinheiros (depois Ladeira da Consolação e atual Rua Quirino de Andrade). E ali se construiu, em pedra de cantaria, o obelisco ou pirâmide do Piques, como diziam os antigos paulistas, com uma inscrição e a data 1814. E o local não serviu apenas à justa homenagem. Em benefício do povo se construiu também um chafariz público (o chafariz sobreviveu até o início do século XX)
E o Largo do Piques, por uns tempos chamou-se Largo da Memória, depois voltou a ser do Piques, mais tarde Largo do Bexiga, Largo do Riachuelo (atualmente parte sul da Praça da Bandeira).
Mas, ainda hoje o pequeno largo que o circunda chama-se da Memória. Mas a Pirâmide ainda é do Piques.
No século XX a cidade dia-a-dia vai sofrendo mudanças radicais. A paisagem humana e urbana vai-se modificando num piscar de olhos. No início dos anos 10, há uma necessidade cívica de preparar a cidade para o evento de 1922, o centenário da Independência. Afinal, foram os paulistas que deram ao Brasil o tamanho que ele tem! Aqui, nestes chãos, quis o destino que se fizesse a Independência! Nestes chãos o Brasil se fez Nação!...
E nesse afã de deixar linda a cidade, em 1919, houve por bem restaurar o obelisco e reformar totalmente o Largo da Memória. Primeiro porque se descobriu que o monumento era o mais velho de São Paulo e já centenário. Segundo porque o Largo do Riachuelo à sua frente estava todo modernizado com construções novas.
Então, graças ao projeto do Engenheiro Victor Dubugras do Artista plástico Wasth Rodrigues, o Largo da Memória tem a mesma aparência que sobrevive  até os nossos dias. Mesmo degradado, em meio à imundície, nos seus duzentos anos de existência, parece que a Pirâmide insiste em sobreviver somente para acusar e ironizar. E bicentenária que é será sempre dela a gargalhada final.
Eu explico:
Escrevi acima “uma inscrição e a data 1814”. A omissão foi proposital. Sem ela não haveria o nosso riso irônico ou a nossa gargalhada final.
Vejam vocês que, em algum tempo entre os cem anos de vida da Pirâmide do Piques e a reforma de 1919, sumiu a inscrição e a data. Depois da reforma colocaram apenas uma lápide com a data 1814.
Mas, em um velho livro, de1865, da biblioteca da Faculdade de Direito de São Francisco descobri a descrição da Pirâmide do Piques e a sua inscrição original.
Aqui vai ela:
“AO ZELO DO BEM PUBLICO”
ANNO DE 1814

Será que os tantos políticos “zelosos”, que existem por ai, vão cuidar desse monumento que é o mais velho de São Paulo?... Talvez não. Afinal eles têm tantos bens públicos para “lesar”. Ops! Eu quis escrever “zelar”... (risos)







Por Wilson Natale