terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Recordando Ozanan


(O texto é uma comentário do autor numa postagem de Teresa Fiore no Facebook)

Era uma escola de comércio.
Estudávamos à noite, porque trabalhávamos durante o dia.
Tínhamos teatro, fanfarra, jogral e jornal, tínhamos atividades externas, jogávamos vôlei aos sábados à tarde e domingos pela manhã.
Tínhamos professores que sentavam ao nosso lado e compartilhavam nossos pedaços de frango, bolo, tudo que vocês faziam e dividiam nossas batidas, nossos coquetéis, nossas cervejas. Compartilhavam nosso ideal e nos transmitiam os deles. Éramos moldados da forma mais sutil que um ser humano pode ser forjado. Passaram por nós e nós por eles como se fossemos uma massa só.
Tínhamos amigos que desmarcavam compromissos para assumir outros juntos com a gente, amigos que se enamoraram, que ficaram juntos, que se separaram, amigos que estão sempre com a gente, mesmo aqueles que já se foram. 
E já se foram tantos.

Era uma escola de comércio.
Gente simples, com seus vestidos mais aprumados, com seus ternos já muito surrados. Alguns vinham até com a marmita vazia dentro da pasta, pois para muitos, o almoçar fora estava além do horizonte, além de qualquer possibilidade. A mensalidade às vezes atrasava e os responsáveis pela escola, fingiam não perceber isto e a gente ia levando como podia. Muitas vezes, o almoço (ou possivelmente o jantar) era a mortadela do bar do Miguel. Tínhamos amigos que nos eram tão caros e que nós, como tão humanos que somos, erramos em não colocá-los numa redoma e protegê-los dos desencontros da vida.
Mas, acho que isso nem eles iriam querer.

Era uma escola de comércio.
Hoje, perdida entre a estrutura de um prédio recém acabado, repousa uma alma sublime. Mais ainda, repousam energias de todos nós que por lá passamos. Ninguém, em sã consciência, vai entender que nas entranhas daquele edifício existe um pedaço do tudo que passamos na vida. Passo por lá e silenciosamente relembro quase tudo que lá vivi. Pouco fiz nesta jornada. Fui um aprendiz de aprendiz que hoje, desgraçadamente, choca quem nunca viu ou ouviu tudo aquilo que passamos. 
Somos antigos; saudosistas; retrógrados, mas serei e ostentarei todos os adjetivos que me forem imputados porque um dia eu vivi aqueles incomensuráveis anos doirados. 
Escrevo hoje este pequeno texto depois de uns dois ou três anos de auto exílio. Tua mão me fez retornar a isto e contrario senso ao que imaginava quando comecei a escrever isto, não vou chorar não.





Por José Carlos Munhoz Navarro

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Entrevista com São Paulo



Completar 460 anos é maravilhoso, mas também muito exaustivo, não?

Consegui uma entrevista com a minha querida cidade de São Paulo, vamos conferir:


- Boa tarde São Paulo!
- Boa tarde!
- Como você se sente com 460 anos de vida?
- Sinto-me feliz e orgulhosa por poder hospedar tanta gente, dar empregos, oferecer hospitais, escolas, moradias, abastecer com alimentos, enfim, minorar um pouco o sofrimento de tantos que aqui chegam.
- Sente-se realizada?
- Não, não! Gostaria de poder oferecer muito mais!
- É difícil satisfazer a todos, não é?
- Muito difícil! Eu preciso da ajuda dos administradores e governantes para diminuir as enchentes, acabar com a violência, melhorar o transporte público e solucionar os congestionamentos do trânsito.
- É difícil mesmo! E você encontra essa ajuda?
- Nem sempre! Apesar de eu ser a maior cidade da América Latina, falta recursos e pessoas honestas e dispostas a trabalhar para acabar com todos esses transtornos.
- É verdade! Mas vamos mudar um pouco a nossa conversa!
- Você sente saudades de como você era antigamente?
- Sinto! Anos atrás eu era uma cidade tranquila, mas sempre trabalhei muito. A Avenida Paulista era o palco das mansões dos fazendeiros, principalmente dos cafeicultores! Eles abasteciam os paulistanos com produtos agrícolas!
- Muitos vieram da Europa com a esperança de recomeçar a vida aqui e a maioria obteve sucesso! Eu era mais romântica!
- Havia mais respeito entre as pessoas!
- É verdade, São Paulo! Lembro-me que os homens cumprimentavam as mulheres tirando o chapéu; havia mais romantismo. Mas diga-me uma coisa: apesar de cansada você tem projetos para o futuro?
- Sim, e muitos! Eu não posso parar, afinal sou a locomotiva do Brasil, não é o que dizem?
- Você nunca pensou em colocar uma placa nas chegadas das estradas de: “Lotado”?
- Nunca! Tenho um coração muito grande e sempre cabe mais um.
- É por isso que eu te amo tanto, São Paulo. Bem, obrigada pela entrevista e mais uma vez: parabéns! Que Deus a abençoe!

Por Yvone de Moraes Joubert.

(não temos foto da autora)

sábado, 25 de janeiro de 2014

São Paulo quatrocentão



imagem: triângulos de alumínio que foram espalhados sobre Sampa em janeiro de 1954


Era a noite de 25 de janeiro de 1954 e caiu sobre a cidade de São Paulo uma chuva de triângulos prateados. A maior parte foi no Anhangabaú, mas lá para os lados do Brás caíram alguns.
Não são estes das fotos; os que peguei perderam-se no tempo, mas graças a Angelo Calheiros com estes que foram guardados por meu cunhado e minha irmã por 60 anos.
Alguns devem se lembrar dos festejos do IV Centenário. Para mim foram, particularmente, inesquecíveis, pois num dia vai o Getúlio Vargas e numa noite fui ao Ibirapuera, recém inaugurado.




Por Teresa Fiore

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

De ruas e pensões


imagem: vista aérea da região da Consolação em 1935 (extraída da internet)

Durante muitos anos, quando estudante em São Paulo, morei em dezenas de pensões. Ora perdidas em distantes bairros, ora em antigas e históricas ruas próximas ao centro. Aquelas vetustas mansões, remanescentes da decadente aristocracia cafeeira, tiveram importante papel em minha vida.
Baronesa de Itu, Cândido Espinheira, Conselheiro Brotero, Monte Alegre, Veiga Filho, Alameda Glete, Conselheiro Nébias, Dona Veridiana, Helvetia, etc, foram alguns de meus endereços durante os longos doze anos em que resisti ao casamento. Nomes majestosos, solenes, bucólicos às vezes, seguramente de pessoas importantes, respeitáveis, que tiveram a glória de serem nomes de vias, logradouros ou avenidas na maior cidade do país.
Quem foram essas pessoas? Respondam, por favor, a este pobre, ignaro e desbussolado analfabeto urbano. Qual a origem de Chora Menino, Largo da Misericórdia, Lavapés, Ladeira da Memória, João Cachoeira, Aurora, Bela Cintra e tantas outras denominações impregnadas de lirismo e de poesia?
Mas o que eu queria dizer mesmo, é que as pensões foram para mim uma grande escola. Convivi com músicos, estudantes, jóqueis (só davam "barbadas" frias), professores e, numa delas, havia até bela e atraente dançarina de boate, que despertava desejos e sonhos inconfessáveis neste que "vos fala". Asseguro, todavia, que ela era de uma dignidade exemplar.
Entre os hóspedes, vindos dos mais distantes recantos do país, prevalecia uma saudável, fraterna e sincera camaradagem, e a palavra solidariedade fazia parte de nosso repertório. Com o músico - trombonista - fui conhecer o local onde ele exercia sua arte, integrando uma admirável orquestra - o Avenida Danças. Ali, na pista, brilhava o ruivo dançarino Ponce de Leon (lembram-se?), bom de bola e bom de samba. Com terno de linho, sapatos de duas cores, ele fazia incríveis coreografias, dignas de um Fred Astaire.
Com o professor, pela primeira vez, fui e adquiri o gosto pela magia do teatro (Moral em Concordata, no Maria Della Costa). Levou-me, também, a conhecer o Clube do Professorado Paulista, onde exercitei minha sofrível arte de dançarino de boleros. Lembra-se, Mário Lopomo? Um garçom paraibano era meu fiel escudeiro nas gerais do Pacaembu, em cujo gramado, Cláudio Cristóvão do Pinho, o "Gerente", dava sempre novas lições de futebol, ao lado de Luisinho, Baltazar, Carbone e Mário. Inesquecível.
A memória me trai e não me lembro, perdoem-me, os nomes de todas aquelas generosas pessoas, parceiras e cúmplices nas rações insípidas e insossas das gororobas diárias. De suas ocupações, em busca da sobrevivência, na cidade imensa, eu pouco sabia, mas, ali, no convívio com os demais moradores, eram pessoas confiáveis, cheias de sonhos e esperanças, em busca de melhores oportunidades. Com eles aprendi lições de lealdade, coragem e simplicidade. Obrigado, amigos!





Por Deraldo Mancini

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

SÃO PAULO – 25\01\1554 – 25\01\2014 - 460 ANOS



São Paulo que, desde seu nascimento, é a pedra angular na sustentação de uma nação de dimensão continental, predestinada a ser uma potência, sempre cumpriu e cumpre sua missão de abraçar, receber, proteger a quem recorre à seus préstimos.

Um caudaloso receptáculo de oriundos representantes  naturais de todas as raças, nações e obscuros e pequenos países. Nunca, ninguém é repelido, impedido ou, simplesmente, passear por seus limites geográficos. Artistas, cientistas, pintores, hábeis escultores, escritores, atores, empresários, esportistas, inventores, enfim, uma verdadeira seleção de celebridades que aqui aportaram e aportam, periodicamente, são recebidos de braços abertos; sabem que nessa bendita terra paulistana está o mais bem preparado solo onde as sementes de seus mais ambiciosos sonhos se tornarão realidade. 

Esta cidade, que leva o nome do antigo soldado romano, perseguindo e matando cristãos, marcado por Deus pra ser o mensageiro dos Salmos após sua conversão ao cristianismo, fez jus ao nome do santo, onde sempre espalhou, com dignidade, as mensagens de progresso a todos os povos do mundo.

A minha São Paulo faz, dia 25\01\2014, 460 anos, idade de jovem, perto de países europeus. Com dinamismo  fulgurante, espantosa alegria, exuberante progresso, muitos poderiam encontrar exageros na minha dissertação, porém nunca se deve esquecer que, apesar dos problemas que surgem na caminhada rumo ao grande futuro, certas peculiaridades inevitáveis e necessárias ao processo de grandiosidade, não podem ser evitadas por pertencerem ao conjunto de itens imprescindíveis pra se alcançar o ápice do seu objetivo.

Parabéns a São Paulo, a sua câmara, a sua prefeitura,  a todos os que trabalham no sentido de engrandecer mais ainda sua beleza, sua pujança e seu amor pelos seus filhos.  Obrigado



Por Modesto Laruccia

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Sonar Radar



Estou no clímax do fechamento de uma partida de tranca. Sim tranca, aquele jogo derivado do buraco, no qual o três preto tranca o jogo e cada um coloca suas regras que são contratadas no início da partida, do tipo: Não vale lavadeira, morrer com três preto na mão perde 100 pontos cada, e outras mais. Em nossa turma o jogo é o mais simples possível, vale tudo, até roubar se for bem feito e não descoberto.
Desculpe-me, vamos retornar ao tema. Minha vez de comprar bastava um coringa ou um seis de espada e eu e meu parceiro João Magro mataríamos a partida com mais de 500 pontos de vantagem sobre nossas queridas parceiras a Paula e a Alice.
Comprei a carta e, antes mesmos de olhar qual era, sinto algo estranho escorrer por minha testa, vindo parar no bigode. Foi uma gargalhada em coro por parte dos parceiros. Passei a mão e pude contemplar um liquido espesso esverdeado e de um aroma fétido. Lentamente levantei o olhar para verificar a origem do mesmo. Foi difícil acreditar, era a cagada de um morcego. Isto mesmo, de um morcego.
Nossa mesa de jogo fica na varanda dos fundos da casa em Bertioga e, acima da mesa, pendurado na viga de sustentação da cobertura, a nossa caseira Marilene colocou um bebedouro para atrair os beija-flores que por lá são inúmeros, de diferentes tamanhos e cores.
Acontece que durante a noite este líquido, que é uma mistura de agua com açúcar, atrai os morcegos e este nosso amigo mal educado já estava viciado em vir servir-se deste néctar colocado à disposição de forma fácil e abundante.
Imediatamente eu, pródigo em travessuras e com o ego ferido pelo bicho ter cagado em minha cabeça, tracei um plano de vingança.  Retirei o bebedouro do arame que o sustentava pendurado na viga. Fui para a cozinha e o lavei bem e preparei novo néctar, porém desta vez a fórmula era cachaça com açúcar. Voltei para a mesa e comentei com o pessoal que, depois de ter aprontado aquela comigo, o visitante deveria ser premiado com uma nova água fresca e limpa.
Recomposto, reiniciamos o jogo; e eu não peguei nenhuma das cartas esperadas e ainda por cima tive que dispensar uma carta colocada que foi a canastra dos adversários. O jogo continuou e por fim eu, que já estava cagado, e meu parceiro João, acabamos perdendo aquela mão e ainda dando uma ré de trezentos pontos o que recolocou as duas novamente na partida.
Agora o jogo certamente iria se estender por mais algumas horas.
Nossa anfitriã, Alice, refez o refil de cerveja gelada, azeitonas e amendoins e, ao iniciarmos a partida, recebemos a visita do nosso amigo cagão.
Ele chegou voando rasante por sobre o muro dos fundos e, com uma manobra digna da esquadrilha da fumaça, orientado por seu infalível sonar radar, pendurou-se de cabeça para baixo no bebedouro de onde sorveu um longo trago antes de retirar-se em nova manobra acrobática com um maravilhoso looping e desapareceu por sobre o telhado da casinha dos fundos.
Jogo reiniciado, cartas distribuídas e lá vem ele novamente com tudo no bebedouro. Alice exclama:
– Marcão ele gostou da nova agua que você colocou, deve estar mais docinha que a anterior. Não respondi, apenas balancei a cabeça de forma afirmativa e fiquei com um olho concentrado no jogo e outro no morcego.
Acabamos de ganhar esta rodada com uma atuação brilhante de meu parceiro o João que estava mais concentrado e foi por poucos pontos de diferença. Este resultado nos aproximava do final da partida, quando ele retornou, agora acompanhado por um amigo de copo e de bar. O amigo pendurou-se na viga enquanto o cachaceiro foi direto ao copo, quero dizer ao bebedouro. Nesta oportunidade sugou um longo trago e pude ver o nível da “Água” baixar rapidamente. Após o trago ele desprendeu um dos pés do bebedouro e ficou pendurado com apenas uma das pernas. Olhou com os olhos arregalados para mim, soltou a perna que o prendia ao bebedouro, ligou o sonar radar e disparou em um voo em parafuso batendo de cara no muro branco entre nossa casa e a do vizinho. Seu companheiro saiu da viga e foi até o chão na beira do muro para ver o real estado do amigo, porém nada podendo fazer neste caso e sem compreender o que ocorria partiu e desapareceu no negrume da noite.
Estabeleceu-se então uma enorme gritaria por parte das mulheres que indignadas me acusaram de ter envenenado a água dos passarinhos. Assim que elas deram um tempo pude explicar que não havia envenenado a água, apenas tinha colocado no bebedouro uma água que passarinho não bebe.
Peguei o Morcego cagão e pude constatar que estava vivo, apenas estava chapado. Com cuidado coloquei-o sobre o muro para que a bebedeira passasse e então pudesse retornar seguro à sua morada.
Passadas algumas horas percebemos que ele não estava mais sobre o muro. Não sei se levantou voo ou simplesmente caiu do lado do vizinho.
O jogo não terminou. Indignadas por minha atitude a Alice e a Paula negaram-se a continuar a partida decretando a nossa derrota pelo ocorrido.
Perdi o jogo, mas não poderia deixar o cara defecar na minha cabeça e sair impune.
Depois deste episódio abolimos a prática de colocar bebedouros para pássaros em casa.
E descobri que, mesmo com sonar radar, bêbado não pode voar.




Por Marcos Falcon

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Meus três Papais Noel



Sim, eu como a maioria de descendentes de europeus, principalmente os descendentes de italianos, espanhóis, portugueses do maravilhoso bairro do Braz, zona central dessa fabulosa cidade de São Paulo,  ganhávamos  presentes natalinos, no dia 6 de janeiro, dia da Epifania.
Sem bases históricas, mantidos no  repertório cristão por tradição, esse dia era, (na Europa, até hoje) considerado o dia de se presentear as crianças ou a simples troca de presentes. Agora, após o término da segunda guerra mundial e influenciados  pela filosofia americana e de alguns outros países, num clima totalmente tropical e sem nenhuma necessidade de agasalho tão pesado, permitimos a introdução de São Nicolau, padroeiro da Rússia,  Noruega e Grécia, nascido em Patara, na Lícia, atual Turquia,  como simpático Papai Noel. Tem, também, o São Nicolau de Bari, sul da Itália, que deve ser o mesmo.
Segundo o evangelista Mateus, o único a mencionar os magos, sem, contudo, detalhar se realmente eram só três, se eram reis ou simplesmente, sacerdotes. Historiadores tradicionais aventavam a hipótese que, talvez fossem seguidores do visionário Zaratustra.
Após o nascimento de Jesus, o evangelista Marcos informa  a presença dos reis magos, a saber: Melchior, da Pérsia, Gaspar, da Índia e Baltazar, da Arábia que presentearam Jesus com ouro, incenso e mirra.
Mesmo depois de casado e com três filhos, fui presenteado, com o nascimento de meu quarto filho, Marcelo, nascido em 6 de janeiro de 1968. Um presente que culto até hoje que sempre me dá alegria e prazer, assim como os outros quatro, a mim e a minha querida esposa, Myrtes.

Como estou às portas de completar 82 anos em  5 de fevereiro e quem chega aos “oitentas” volta a ser criança, novamente, se vocês, caríssimos e simpáticos colaboradores deste maravilhoso BLOG, quiserem manter a tradição europeia, mandam-me brinquedos, como, trenzinhos, soldadinhos de chumbo, triciclo, bola de capotão, coleção de gibis, jogo de futebol de botão (não botão de cuecas) e o que vocês quiseram.
Um feliz e maravilhoso ano novo de 2014; desejo a todos vocês com o pedido de perdão pela ironia no final. Abraços a todos.




Por Modesto Laruccia