terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Uma mulher dinâmica - 5ª e 6ª partes

 
imagem: SARPAC - Sociedade Amigos do Residencial Parque Continental
 
Nos 5 anos que moramos na “quadra “B”, passagem “E”, várias ocorrências se manifestaram. A Myrte conseguiu transporte pra mais de 20 crianças, com escolas localizadas em vários bairros, sem nunca sofrer qualquer acidente e nem queixa de pais de alunos sobre qualquer inconveniência.
De minha parte, trabalhando muito como vendedor de embalagens, tinha, também, minhas tarefas concernentes as atividades da SARPC, (Sociedade Amigos do Residencial Parque Continental), entidade juridicamente constituída, fundada por mim e mais alguns vizinhos, como os professores da USP, Kazuko e Yogiro, do campo de física nuclear, prof. Ivo, Eduardo, Gessy, e mais alguns vizinhos de outras ruas. Na época, (hoje, nem tanto) estas formações eram permitidas e eram das poucas oportunidades que tínhamos em enfrentar uma empresa politicamente “incorreta”. A justiça, apesar dos pesares, punha um pouco de respeito.
Esta sociedade existe até hoje, completando 40 anos de bons serviços prestados a comunidade, pois, a Construtora Continental se indispunha muito com moradores queixosos, devido os constantes descalabros com algumas casas que não tinham acabamentos conforme rezava no contrato de compra. Se refugiavam com os próceres políticos e, apadrinhados por sectários da revolução, ameaçavam os que deixavam de pagar as prestações como protesto, com uma indicação de movimento contrarrevolução, movimento comunista, como chegaram a fazer em outro empreendimento. Por incrível que possa parecer, na época, nosso prefeito era o Paulo Salim Maluf.
Saindo da rua do Gasômetro, asfalto, barulho, cheiro de gás, (que os ingleses, diziam que era bom pra coqueluche... de suas ações nas bolsas londrinas...), a Myrte e eu não acreditávamos que estávamos vivendo num paraíso terrestre. Eu, louco pra bater uma bola cujo único lugar pra isso, no Braz, era o Parque D. Pedro ll, que já estava virando canteiro de obras do Metro.
Fiz um levantamento sobre jogar bola no terreno da Continental.
Como boa parte dos moradores gostava de futebol, nada melhor do que formarmos dois times e brincarmos, todos os domingos de manhã, no terreno ainda desocupado onde hoje se encontra o “Shopping Continental”.
Nestes 5 anos, além do futebol domingueiro, os vivinhos próximos começaram a se unirem mais ainda.
É evidente que novos vizinhos são como novos parentes, todos simpáticos, sem defeitos, corretos, a proximidade das casas permitiam troca de receitas de cozinha, de bolos, (menos de maridos), assistências médicas e a todas as vicissitudes que ocasionam desconforto.
Mais uma vez as iniciativas da Myrte vingam com a implantação das festividades no mês de junho, relativas às festas juninas de todos os anos. Conversando com as vizinhas, reuniu todas na preparação dos ornatos e obtenção dos bambus necessários pra um arco na entrada da ruazinha. Lenha pra fogueira, carnes pros churrascos de todo fim de semana, bebidas, salgados e doces específicos dos folguedos juninos. Pra estas preparações que exigiam procuras externas, ficavam a cargo da parte masculina. Outros vizinhos, de outras ruas, com o passar dos anos queriam, podiam e vinham colaborar e passar estas gostosas temporadas; divertimo-nos bastante e ficamos felizes com a certeza de que se devia aproveitar o máximo, pois estas são passageiras e que nunca se repetirão.
 
Por Modesto Laruccia

4 comentários:

Soninha disse...

Olá, Modesto!

Fundador de Associação... que bacana!
Eu também entendo que não há nada melhor do que morar em um lugar onde possamos nos sentir seguros e felizes e que cabe a todos fazer a sua parte para alcançar isto.
Ainda de quebra um lugar para a prática do esporte favorito, né?!
Valeu, Modesto.
Muita paz!

Wilson Natale disse...

LARÙ:
Coisa boa ir para um bairro quase nascente e fazer parte dele desde seu início.
Pena que os bairros, antes semelhantes às cidades do interior sejam aos poucos, engolidos por esta São Paulo que se agiganta cada vez mais.
Seu texto, bem biográfico, é ótimo!
Abração,
Natale

margarida disse...

Modesto, acompanho toda sua historia e vejo a Myrtes sempre o teu lado e tocando a vida com iniciativas que só trouxeram benefícios para você e toda sua família.Uma companheira de atitudes firme e de uma fibra permanente.Parabéns para ela e pra você também que sempre souber manter tudo isso com amor e compreensão.Um beijo para os dois.

Zeca disse...

Modesto!

Com estes relatos você nos mostra várias coisas: o grande valor da Myrtes que lutou ao seu lado para construirem uma linda família; mostra também a cumplicidade do casal que aceitou a aventura de sair do conforto do bairro já conhecido para as incertezas todas de um bairro que, além de desconhecido, ainda era nascente. Mostra que uma vida de trabalho honrado constrói, pouco a pouco, um futuro repleto de boas lembranças e mostra o passado onde o trabalho árduo de ambos não os impediu de criar novas amizades, organizar melhor as coisas do bairro através da associação, encontrar um local para o sagrado futebolzinho e do churrasco dos finais de semana e até as festas comunitárias, que tantas alegrias acrescentam à memória de todos. E ainda oferece como exemplo a vida do casal há tantos anos juntos e que soube manter o amor, o respeito, a amizade, a cumplicidade e, principalmente, a alegria de estarem juntos. Eu me comovo bastante com cada um dos teus relatos. É uma história de vida muito bonita.

E antes que me esqueça, hoje é dia do seu aniversário! Meus votos de muita saúde, paz, amor e tranquilidade para você e sua amada Myrte!

Feliz Aniversário!

Abraço.