quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Nervos de aço e fígados de alumínio anodizado.

imagens: colégio Santa Cecília; logo do bar Happy Hour no Ibirapuera; Paribar
Bebo muito pouco. Nada errado com meu fígado; o índice Gama GT é bastante baixo. Apenas falta de resistência. Uns nasceram para beber, outros não.
Já contei de meu primeiro porre, coisa inevitável de principiante.
Saíra do Colégio de Aplicação, Rua Gabriel dos Santos, com alguns amigos. Logo ao lado, o belo Cine Santa Cecília. Entre o colégio e o cine, um também inevitável boteco.
Ali, tomei minha primeira cerveja, Brahma ou Antártica, não importa, o efeito foi o mesmo. Saí tonto, mal sentindo as pernas, mas perfeitamente o enjôo. Deitado no apartamento, o teto girava como um helicóptero. Foi o primeiro, não o único, mas tive poucos porres memoráveis.
No ambiente publicitário bebia-se muito, ao menos naqueles tempos. Mas eu só dava umas bicadas, de vez em quando.
Certa vez, no almoço natalino de uma generosa agência carioca, tomei não menos de seis ótimas doses de Buchanan´s, para acompanhar a cavaquinha com champanhe. E, mesmo com isto tudo, cheguei em casa com sono, mas tinha descido muito bem.
Em compensação, velhos amigo e amiga convidaram-me, há poucos anos, para um happy hour, num bar aberto, montado numa praça perto do Ibirapuera. Quando lá cheguei, eles já tinham emborcado algumas doses do escocês. Estavam alegrinhos:
-O Cutty Sark está em promoção, vamos aproveitar! Tomei duas doses, talvez. E comecei a sentir-me mal. Mal sentia os pés tocarem o chão.
- Para mim, chega!
-Vamos à saideira, então! Estupidamente, acompanhei-os nessa.

Quando o valet trouxe meu carro, vi que não estava nada bem.
Mas, já era hora avançada, com pouco trânsito. Guiando cuidadosamente, cheguei incólume em casa. E, ao deitar, novamente o efeito helicóptero, como no bar do colégio, tantas décadas atrás.
E a ressaca, no dia seguinte? Liguei para os dois, e nada. Não tinham sentido nada de mal. - Não é possível, exclamei. Esse Cutty Sark (uma espécie de veleiro) aportou e foi batizado em Puerto Stroessner!
Não tem jeito, alguns têm fígado de alumínio anodizado, eu não.
Como um poderoso chefão, que comandou equipes de criação em várias agências. Trabalhei com ele, algumas vezes. No fim do expediente, sempre chamava uma garrafa de uísque e era capaz de vertê-la sozinho.
Fumava muito, também, e há alguns anos teve sério problema intestinal, sendo
operado no Sírio Libanês. Meu amigo Sylvio, “A Velha Serpente”, com sua verve, disse que ele tinha tido um enfarte anal. Bem feito, quem mandou fazer das tripas coração! Na verdade, o problema devia-se menos ao álcool que ao fumo, vaso constritor. Então, ele diminuiu o cigarro, mas bebendo mais, para compensar.
Bem que eu gostaria de ser como um Hemingway, charmosamente tomando uns drinques na Closerie des Lilas, enquanto escrevia. Ou no Harry´s Bar, em Veneza. Ou em qualquer outro lugar na Europa, naquela época romântica.
Nada feito, mas consola-me ter participado de umas rodadas no saudoso Paribar, da Praça Dom José Gaspar; mesmo sendo poucas as doses, era muita a felicidade de ver desfilar na varanda toda boa São Paulo da época.

Por Luiz Simões Saidenberg

11 comentários:

Miguel S. G. Chammas disse...

Amigo,se for parabebericar um Cutti Sark me chama que eu te ajudo.

Soninha disse...

Olá, Luiz!

O homem, assim como o peixe, sempre morre pela boca, não é?!
Alguns demoram um pouco mais,mas...
Brincadeiras a parte, todos gostamos de apreciar as boas bebidas e,como vc bem descreveu, nem todos são resistentes para isso.
Eu,particularmente,tb não tenho bom fígado para beber,.. Adoro vinho, mas, nem sempre posso tomar o tanto que eu gostaria...iqui...zuzo bem...kkkkkkk
Valeu, Luiz!
Obrigada.
Muita paz!

Zeca disse...

Saidenberg,

eu também não sou de muita bebida e já tive o desprazer de conhecer esse "efeito helicóptero" tão bem descrito por você. Mas, quando a companhia é boa e o papo agradável, não me privo de algumas boas cervejas ou mesmo um bom uísque.

A minha receita, desenvolvida ao longo de vários voos de helicóptero em meu quarto ou de pernas trançando e riso frouxo, é evitar misturas. Assim, se é cerveja, apenas cerveja; se é uisque, apenas uisque.

Mas, como sempre existe um "mas" para atrapalhar, se entrar uma caipirinha no meio, não me importo em pilotar helicópteros, nem em dançar sozinho ou enrolar as palavras... hehehe...

Eu bebo sim, e estou vivendo
Tem gente que não bebe e está morrendo
Eu bebo sim, e estou vivendo
Tem gente que não bebe e está morrendo
Tem gente que já tá com o pé na cova
Não bebeu e isso prova que a bebida não faz mal
Uma pro santo, desce o choro a saidera
Desce toda a prateleira
Diz que a vida tá legal


É brincadeira, hein? Senão vocês não vão mais querer minha companhia nos próximos encontros, achando que sou o maior cachaceiro!!! hehehe...

E, aproveitando a saideira, desejo-lhe um muito feliz aniversário, com saúde, paz e tranquilidade. Sem voos de helicóptero!

FELIZ ANIVERSÁRIO!

Abraço.

Arthur Miranda disse...

hic,adnia meb euq ue,hic oãn obeb, hic, p
ar
ab e lo t to.
éns p e x
hic, ainda bem que eu não bebo, hic.

Modesto disse...

Luiz, posso sentir o mesmo que vc pois, minha fraquesa em relação a alcool é um caso de polícia. Gosto de degustar uma doze de uisque mas, é só. Cerveja, só com um calor abrazador,como na noite das redondas.Achei seu texto embriagador, Saidenbrg.
Quero aproveitar e agradecer, Luiz sobre a dica pra ir ao Morais. Eu estava pra tomar aquele caminho, que conheço bem mas, vislumbrei maiores problemas e, nessa opção, venceu o "diabinho". Obrigado e parabéns, Luiz.
Modesto

MLopomo disse...

A ultima vez que bebi foi em 1968,parei de vergonha. Imaginem que fiquei bebado das 18,30 até meia noite, isso por apenas umas duas doses da pinga nossa de todo dia para abrir o apetite. Não havia jeito de acabar com a bebedeira, Era chá de losna, café amargo.

Wilson Natale disse...

Saidenberg,ainda bem que eu bebo socialmente. Nuca bebo mais que uma garrafa de wísque... Ahahahaaaa!
Bricadeirinha. Bebí muito cognac na minha vida... Hoje, só vinho tinto e seco.
Uma cachacinha de Cabreúva cai bem de vez em quando.
E é verdade essa coisa de metabolismo. Uns bebem "todas" e nada acontece. Outros, um cálice e perdem o rumo de casa,ou ficam or ai, roendo beira de calçada.
E boa lembrança essa dos bares da vida!
Abração,
Natale

Luiz Saidenberg disse...

Muito obrigado, e, em meu anivesário, bebi um belo vinho branco gelado, à saúde de todos vocês. Dizem que o tinto é melhor, alonga a vida, mas com este calor medonho é até capaz de encurtar. Qto. ao metabolismo, é isto mesmo. alguns têm menos resistência- vide meu caso- e outros continuam a beber alucinadamente, até o final de sua longa vida. Abraços.

suely schraner disse...

Ainda bem que meu fígado é auto-limpante. Belo texto!
Abraço,

Leonello Tesser (Nelinho) disse...

Luiz, mais uma vez parabéns pelo seu aniversário, que Deus te proteja e lhe conceda muitos e muitos anos de vida, já fui bom de copo mas hoje fico só na cerveja, já dizia Francisco Alves:
Por que bebes tanto assim rapaz
Chega jé é de mais
Se é por causa de mulher é bom parar
Porque nenhuma delas sabe amar..
cordiais abraços, Nelinho.=-

Luiz Saidenberg disse...

Muito obrigado, amigos. Nello, nunca fui bom de copo. Ainda no dia do anivesário, Márcia e eu fomo a uma cervejaria no almoço: dividimos uma Guiness e outra cerveja irlandesa, muito boas. Mas, até à noite ficamos empachados! Aí, só com Digeplus. Abraços.