terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Chiappetta

Chiapetta, e agora ?
O que você fez comigo, amigo?
Me deixou morto de saudade, de tristeza.
E o que faço agora, nesta Jairo Góis?
Tento ressuscitar o barbeiro Pepito na sua frente?
Tento buscar a Douração Cubero? Vamos lá, rapaz.
Vou te encontrar onde? Na Adega do Braz?
Esquece a Castelões e a igreja; esquece...

O que vou fazer agora com este coração que fenece?
Vou mandar o Kassab passar com um trator
e acabar com nossa rua tão pura, agora tão escura;
Esta rua hoje sem iluminação, e sem nada,
não tem mais dia, nem noite, nem madrugada.
O que eu faço com essa Jairo Góis, amigo?
E te pergunto o que você fez comigo?
Te conheço há tanto tempo e ainda há pouco nos falamos na rua...
Um aceno feliz de amigos realizados e esperançosos.
Vou te ver logo amanhã; és um sol, ou prateado de lua.
Vou te ver logo bem cedo; és um dia sem traumas nem remorsos.
E, você vai assim, num fim de semana e nem me fala nada?
E, você me deixa assim, com a voz toda embargada?
Que até nem sai o que quero mais dizer, nem mais querer...
O que vou fazer com essa Jairo Góis, tão abandonada?
Amigo Chiapetta, nos falamos pouco, nos queremos tanto.

Vivemos o mesmo mundo, sem tristeza nem derrotas.
Vivemos o mesmo sonho, sem angustias, nem saudades.
Somos o que somos; e no que faço, do que me deixaste, fica meu pranto.
Nas trilhas que percorremos, sem mapas e sem rotas,
sem projetos, sem remorsos, só serenas verdades.
Que fazer?
Faça agora teu caminho maior, na trilha em um novo plano.
Ilumine outros mundos com o fulgor de todos os seus sóis.
Só lhe peço que nos ampare e nos guie, amigo, todo dia, todo ano,
para que sempre sonhemos o melhor, com esta nossa saudosa Jairo Góis.


Por José Carlos Munhoz Navarro

13 comentários:

Leonello Tesser (Nelinho) disse...

Navarro, mais uma vez você faz uma brilhante homenagem a um amigo, bairro do Brás perde uma de suas mais brilhantes figuras, parabéns pelo texto caro amigo, abraços, Nelinho.

Leonello Tesser (Nelinho) disse...
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Miguel S. G. Chammas disse...

Zé meu amigo, é triste se perder um amigo para essa dama insidiosa, falsa e totalmente enganadora.
Mesmo levando nosso amigo, a senhora em questão não sai totalmente vencedora dessa parada. Ficamos nós com as lembranças, os gestos e o carinho daquele que ela nos privou da presença.

Miguel S. G. Chammas disse...
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Soninha disse...

Olá, José Carlos!

Resta-nos cumprir nossa parte...nossa tarefinha, aqui na Terra.
Aqueles que se foram, antes de nós, já cumpriram sua parte...Foram libertos...Estão livres. Mas, nós, ainda não. Temos de acabar nossa tarefa.
Então, vamos fazer da vida, o melhor que pudermos e deixar rastros de bem em todas as Jairos Góis, em toda Sampa, em todo o Brasil, na nossa vida e na vida de todos aqueles que estão conosco no caminho...
Muito bonita sua homenagem ao amigo querido!
Valeu, José Carlos.
Obrigada.
Muita paz!

Wilson Natale disse...

Navarro: Linda e sensível homenagem a um amigo que partiu, mas que permanece em nós.
Não o perdemos. Pois, como dizia o meu avô, só se perde o que não se teve.
E o Brás não perdeu também. O ser humano que "cantava" o bairro transmutou-se em mais uma alma entre as tantas que fazem a Alma do Brás.
Nosso amigo apenas deixou de ser presença para ser onipresença.
E obrigado por esse teu texto. Nele as nossas emoções, as palavras que gostariamos de ter dito, tão bem colocadas por você.
Abração,
Natale

MLopomo disse...

Zé Carlos. Você é o campeão em emocionar a todos. tanto aqui na terra ficamos todos emocionados com tão belo texto, como no céu Chiappetta, está agradecendo sua lavra.

Luiz Saidenberg disse...

Muito bonito,Zeca. Que o bom Chiapetta possa tomar conhecimento desta ode, no plano onde está...eu só o vi uma única vez, no Morais. Mas, pareceu-me forte, bem disposto e aguerrido, então é mesmo uma triste surpresa...

Arthur Miranda disse...

Navarro, parabéns pelos versos de homenagem ao Chiappetta, ele deixou o Memórias de Sampa para iniciar as Memórias do Céu

Arthur Miranda disse...
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Unknown disse...

Navarro,só você mesmo para nos emocionar com esse belo texto em homenagem ao nosso amigo. Acho que pessoas assim como ele,não morrem, simplesmente se ausentam e deixam saudades.
Um abraço

Modesto disse...

Navarro, nada supera uma grande amisade, principalmente quando ela é sacramentada por sólidas manifestações como esta sua.
Uma ode que vc, certamente não quereria fazer mas, nossos destinos não estão em nossas mãos, temos que respeitar a Divina Providência e uma outra ocasião, abraçar o querido Chiappetta.
Sua narrativa-poética é simplesmente brilhante. Parabéns, Zé Carlos.

suely schraner disse...

Uma ode a amizade, um poema de saudade.Parabéns!